ZONA FRANCA DE MANAUS SOB CLARO ATAQUE
É
no mínimo inusitada a proposta do Ministério da Saúde para combater a obesidade
infantil no País: aumentar impostos sobre as bebidas com açúcar. Nada de
campanha pelo consumo consciente de bebidas e outros alimentos “engordativos”,
nada de esclarecimentos e informações nutricionais à população, nada de ações
específicas nas escolas. A estratégia do governo federal se resume ao aumento
de impostos. E pior: como uma parte importante da indústria de bebidas está na
Zona Franca de Manaus, nosso combalido modelo será o mais prejudicado caso a
medida seja, de fato, implementada.
A
impressão clara é que a preocupação do governo federal passa bem longo do
problema da obesidade infantil, que é uma questão grave que precisa ser abordada de forma
séria. A intenção do governo parece ser apenas a de aumentar a arrecadação e
engordar a receita tributária. Mas esse tiro pode sair pela culatra; maus
hábitos alimentares não serão corrigidos porque os refrigerantes vão ficar mais
caros. Isso se faz com educação, conscientização dos pais, orientação nas
escolas.
Por
outro lado, a mudança na tributação das bebidas pode colocar em risco milhares
de empregos mantidos por esse segmento na Zona Franca, fragilizando um setor
que é um dos mais importantes do Polo Industrial de Manaus. Vale lembrar que os
concentrados para preparação de bebidas são o principal produto de exportação
da Zona Franca, responsável por mais de 30% de nossas vendas externas.
Com
uma ameaça tão séria ao modelo que é o motor da economia local, era de se
esperar uma reação forte dos parlamentares da bancada amazonense em Brasília.
Mas o que se vê é absoluta passividade na Câmara dos Deputados, com
parlamentares minimizando os efeitos da medida nas fábricas de Manaus,
fazendo-se de surdos diante dos apelos de lideranças empresariais locais. A
postura da bancada é exatamente a que se viu quando propostas recentes foram
aprovadas no Parlamento Federal, inclusive com votos de parlamentares do
Amazonas, apesar de todo o potencial prejuízo à indústria local. Quais são as
chances da Zona Franca, quando aqueles que deveriam defender o modelo adotam um
discurso de “não podemos vencer porque somos poucos”? O modelo ZFM vive dias
muito sombrios.
Fonte/Foto: Editorial – A Crítica, Manaus
19.09.2017
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