JOGOS INDÍGENAS DO PARÁ: LUTAS TRADICIONAIS, CORRIDA E RITUAIS EMPOLGAM O PÚBLICO




Na primeira bateria masculina do cabo de força, atletas Aikewara enfrentaram os Assurini do Xingu.
Onze arqueiros abriram a programação das modalidades tradicionais dos IV Jogos Tradicionais Indígenas do Pará, na tarde de segunda-feira (8), na praia de Marudá, no nordeste paraense. Houve apresentação de arco e flecha, arremesso de lanças, cabo de força, corrida de 100 metros, e demonstrações de Kogot e luta corporal da etnia Xikrin. Na arquibancada lotada, moradores de Marudá e visitantes gritaram os nomes dos atletas e das etnias, para incentivá-los nas competições. Os índios retribuíram a empolgação da plateia. Apesar da pouca familiaridade com o Português, alguns indígenas usaram o microfone para dizer que estavam felizes com a participação do público.
Na apresentação dos arqueiros, o destaque foi para Aikaporati, 60 anos, da etnia Gavião Kiykatejê. Mais velho arqueiro a se apresentar, ele foi muito aplaudido. Após os arqueiros, 12 atletas se apresentaram no arremesso de lança. O vento forte tornou o desafio ainda maior para os atletas, mas não prejudicou a competição.
No cabo de força foram realizadas quatro baterias, duas para homens e duas para mulheres. Na primeira bateria masculina, atletas Aikewara enfrentaram os Assurini do Xingu. Estes venceram e realizaram o ritual de agradecimento. Em seguida, foi a vez da equipe Wai Wai derrotar os Tembé.
As primeiras equipes femininas a se enfrentarem no cabo de força foram das etnias Kiykatejê e Kayapó. As atletas Kiykatejê saíram vencedoras. Depois, equipes Parkatejê e Parakanã entraram na arena, e as atletas Parkatejê ganharam.
Na corrida de 100 metros, os participantes foram organizados em quatro baterias, cada uma com seis corredores. Na primeira e na quarta, ganharam os representantes da etnia Gavião Parkatejê. Na segunda e na terceira, atletas Kyikatejê.
Um dos momentos mais marcantes aconteceu no final da tarde, quando Marcos Terena, um dos idealizadores do evento, pediu a indígenas e não indígenas que levantassem os braços para saudar o por do sol e a lua, na hora em que a maré alta já estava bem perto da arena onde os atletas se apresentavam. “Para nós, a lua representa a força da mulher. A renovação da vida. Agradecemos por essa linda lua que vem iluminar nosso evento, e pelo dia maravilhoso que termina”, declarou Marcos Terena.
Tradição - Os guerreiros Xikrin realizaram demonstrações de Kogot, um esporte tradicional da etnia, em que dois guerreiros se enfrentam lançando flechas com as mãos, um contra o outro. Após a apresentação dos indígenas, dois voluntários não indígenas da arquibancada se ofereceram para testar a modalidade. O público se divertiu, e os indígenas elogiaram a coragem dos voluntários.
Os Xikrin também apresentaram sua luta corporal, modalidade em que dois atletas se enfrentam, observados por um grupo. Ganha quem conseguir derrubar o outro de costas no chão. Quem perde sai do centro e volta para o grupo que cerca os lutadores. Rapidamente, o vencedor é abordado por outro desafiante, que sai do grupo para tentar derrubá-lo. Assim, o jogo prossegue até que todos do grupo participem.
Houve ainda corrida de toras das mulheres Parkatejê, divididas em dois clãs: arara e gavião. A prova previa apenas uma volta. Mas, empolgadas com o incentivo do público, as atletas acabaram dando mais uma volta na arena. Ao final da corrida, elas foram banhadas pelos homens, que as aguardavam no centro da arena com água armazenada em cabaças.
Batismo - Após a corrida de toras, os Parkatejê realizaram, pela primeira vez em público, o ritual Pemp - batismo de quatro adolescentes, que passam da infância para a juventude. Duas meninas e dois meninos, com as pinturas tradicionais de seu povo e o corpo coberto de penas, foram para o centro do grupo, que cantou e dançou, agitando maracás.
Antes da cerimônia de batismo, os adolescentes Parkatejê passaram cerca de um ano recolhidos, mantendo contato com poucas pessoas. Nesse tempo, eles aprenderam a caçar e a falar com os espíritos, entre outras habilidades. A rotina é rígida, incluindo banhos diários no rio às 4 horas da madrugada.




Fonte/Foto: Agência Pará de Notícias - Dedé Mesquita - Secretaria de Estado de Esporte e Lazer

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